Quando começou a pandemia, e com ela, as diversas mudanças na vida de todos nós, de pronto passei a refletir sobre o que isso tudo poderia produzir na vida psíquica de cada um. Hoje, depois de algum tempo, noto um movimento de olhar para dentro – a pandemia fez vir à tona as angústias que habitam em nós.
A rotina, a agenda, a correria do dia a dia, nos leva a aceitar como normal um ritmo frenético que não deixa espaço para o sentir.
Isso pode, inclusive, ser considerado um modo de defesa: eu nego minha vida interna, me cercando de estímulos na vida externa. Assim, não preciso me deparar com minhas (muitas vezes assustadoras) questões psíquicas.
A pandemia nos fez interromper. Interromper a alta quantidade informações. Interromper nossas agendas lotadas. Interromper as várias atividades que preenchiam nossos fins de semana. Interromper nossos excessivos planejamentos. Interromper o ritmo frenético que estávamos nos impondo.
E esse (inter) rompimento deu espaço para que algo, que já estava lá, viesse à tona.
Nossas questões mais íntimas, nossos sentimentos, nossas angústias, nossos sofrimentos – tiveram que ser olhados.
E não se trata de algo fácil: dar vazão a tudo isso pode ser super complicado, e vale procurar ajuda de um psicólogo para não ter de enfrentar tudo isso sozinho. Mas mesmo sendo desconfortável e até doloroso – é um processo necessário.
O (inter) rompimento da rotina pode ser o que mais precisávamos para nos dar conta das angústias que habitam em nós.
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